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A Justiça de Piracicaba determinou a realização de uma perícia médica para investigar o atendimento recebido por Jamilly Vitória Duarte, a menina de 5 anos que morreu em agosto de 2023 após ser picada por um escorpião. A análise, marcada para outubro e conduzida pelo Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Imesc), busca esclarecer se houve falhas ou omissões que possam ter contribuído para o desfecho fatal do caso.
A decisão judicial traz uma nova esperança à família da criança, que acusa a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Vila Cristina, gerida pela OSS Mahatma Gandhi, na demora no socorro e na administração do soro antiescorpiônico, o que teria agravado o quadro clínico de Jamilly. O caso gerou grande comoção na cidade e motivou a abertura de dois processos judiciais, um na esfera criminal, que apura negligência, e outro na cível, que busca reparação pela perda.
Patrícia Duarte, mãe de Jamilly, relembra o drama vivido na UPA, uma das duas unidades da cidade aptas a aplicar o soro. "Ela gritava de dor e dizia que não queria morrer. Foi desesperador", relatou Patrícia, afirmando que a filha não recebeu o soro imediatamente, apesar de ter chegado em estado de alerta. Segundo a mãe, a demora na triagem e a subsequente dificuldade para encontrar uma veia na Santa Casa, onde a criança foi transferida, foram cruciais para o agravamento da situação. Jamilly faleceu após sofrer paradas cardíacas.
O advogado da família, João Mazzi, informou que o pedido de perícia, feito em fevereiro, demorou meses para ser agendado. A análise do Imesc se baseará em prontuários e documentos médicos para verificar se os protocolos de atendimento foram seguidos corretamente. A expectativa é que a perícia forneça elementos técnicos que possam sustentar as acusações de falhas no atendimento.
O caso Jamilly também despertou a atenção da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal, que já havia apontado falhas no controle de estoque de medicamentos e recomendado investigações sobre o funcionamento da rede pública de saúde. Enquanto o Ministério Público acompanha de perto o andamento do processo, a família espera que a perícia traga respostas concretas e ajude a evitar que outras tragédias como essa se repitam.
Procurada a prefeitura emitiu a seguinte nota: “A Prefeitura de Piracicaba informa que por tratar-se de perícia indireta – quando o perito baseia sua análise e conclusão em informações e documentos – vai aguardar o laudo perito judicial para manifestação. O município reitera seu respeito à decisão judicial e continua colaborando integralmente com o processo.”
A OSS Mahatma Gandhi não respondeu ao questionamento da Metropolitana, o espaço permanece aberto para manifestações.
Texto: Danilo Telles / Jornalista
Publicado por Enzo Oliveira / Grupo Metropolitana