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TRUMP, A MOEDA DO BRICS E AMEAÇAS

Publicada em: 05/12/2024 13:49 - Artigo

Ricardo Frias Caruso

 

“Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana”, escreveu Trump em sua plataforma de mídia social, Truth Social”.

“Eles podem procurar outro ‘otário’. Não há nenhuma chance dos Brics substituírem o dólar americano no comércio internacional, e qualquer país que tentar deve dizer adeus aos Estados Unidos”, acrescentou Trump. Segundo o jornalista e articulista Jamil Chade. O que está em jogo é o dólar como instrumento de poder.

A ofensiva dos Brics tem como meta reduzir o uso do dólar e a dependência em relação à moeda americana. Conforme os próprios diplomatas apontam, porém, não se trata de uma questão financeira, mas de um posicionamento geopolítico de enormes proporções. Já para o governo americano, a redução do papel do dólar não significa apenas uma perda de hegemonia. Parte das sanções unilaterais aplicadas pelos EUA é no sistema financeiro, diante da presença dominante do dólar. Um país, portanto, pode ser asfixiado apenas ao ser impedido de usar a moeda americana.

“Mas, se um sistema financeiro paralelo for criado com moedas alternativas, o poder da Casa Branca de impor sanções é radicalmente reduzido.”

O Brasil assume a presidência do bloco a partir deste ano e durante 2025, e tem a intenção de acelerar essa proposta, e também ampliar a atuação do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco do Brics, atualmente presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff. O desenvolvimento de um mecanismo de compensação de pagamentos em moedas locais é uma das prioridades do Brasil no Brics, que quer ver o bloco menos dependente do uso do dólar nas suas transações internas. A adoção de uma moeda de referência diferente do dólar por parte dos Brics é amplamente defendida pelo presidente Lula e deverá ser uma das principais bandeiras do país, que presidirá o bloco a partir de 2025. No ano passado, em reunião do bloco, o chefe do Executivo brasileiro afirmou que o grupo tem estudado a implantação da proposta.

 “O que nós Nós resolvemos criar uma moeda porque isso facilita a vida das pessoas”; queremos é criar uma moeda que permita que a gente faça negócios sem precisar usar o dólar. Não houve nenhum fórum no mundo que decidiu que o dólar era moeda referência para os negócios. Simplesmente acabaram com o ouro, entrou o dólar e ficou”. disse Lula à época.

Além do Brasil, o Brics é composto por países como Rússia, China, Índia, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos. O tema também é de interesse de outro membro do Brics,  a Rússia, que passou a enfrentar sanções internacionais após iniciar sua guerra de agressão contra a Ucrânia em 2022 e viu sua moeda, o rublo, perder valor frente ao dólar. Na cúpula de Kazan, em outubro, Moscou fez pressão por uma declaração conjunta incentivando o "fortalecimento das redes de correspondentes bancários dentro do Brics e a permissão de liquidações em moedas locais, de acordo com a Iniciativa de Pagamentos Transfronteiriços do Brics". No final da cúpula, o líder da Rússia, Vladimir Putin, também acusou os EUA de "usar o dólar como arma". "Não somos nós que nos recusamos a usar o dólar", disse Putin no evento. "Mas, se não nos deixam trabalhar, o que podemos fazer? Somos forçados a buscar alternativas." Putin, também se queixou que pouco progresso havia sido feito para o lançamento de um sistema para oferecer uma alternativa à rede global de mensagens bancárias Swift. Isso permitiria ao Kremlin driblar várias das sanções impostas por países ocidentais. Com todo esse cenário se formando vamos aguardar o desenrolar dos acontecimentos para ver para onde o pêndulo do poder global vai pender.

 

Ricardo Frias Caruso, engenheiro civil,

Advogado e empresário no ramo de joalheria.

e-mail: rfcaruso@hotmail.com

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